Um tabuleiro de xadrez, estático na dança de quadrados bicolores, na variação de formas agora ao alto. Dois casais enfrentam-se, olhando quem agora os olha. Espelhos, cadeiras, mesas de estilos variados mas anunciando pompa. Uma das mulheres, a única que se ergue, desafia-nos com o olhar: o pior dos desafios. Cada par de sapatos são outras tantas agulhas que prolongam o olhar até onde o permitirmos. Cabeças pequenas, rostos redondos, corpos sentados e desarmónicos, quase todos. Agulha, cada sapato como antena, braços de bússola, ponteiros de horas que deixaram de existir. O conjunto sofre de largo enquadramento de branco, desigual pois se trata de um rectângulo que absorve óleo sobre a tela. As cores são pastel e por isso vibra aquele rosa-choque que indica (autor) KONSTANTIN BESSMERTNY e (galeria) Monumental. Mais informação não se vê daqui, está no verso. Um convite é um apelo, um junte-se, um venha até aqui connosco, um venha ver, às tantas, um esperamos que compre. Este, com as suas cores frágeis sobre branco, sussurra: nós estamos aqui e aqui ficaremos indiferentes. A imagem, como a música, sabe bem mentir. Aparentemente estes nobres russos recebem bem, mas apenas para nos assassinar. É por isso que vou.
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