Árvores, parapeito alinhado, vasos vazios, vários a perder de vista, e um friso de estátuas, três que parecem momentos distintos do virar-se. Isto é a primeira linha, um horizonte, digamos. Um jardim de horizontes, de linhas de terra. A foto ao alto é toda ela uma sucessão de horizontes, texturas sobre o branco. O alinhamento das cadeiras é o essencial pois convida a um livro sobre os passeios e o flâneur, que é poesia e artes visuais, que é mudança de vida e espanto. White é o nome do poeta que nos apresenta a cidade, Paris, mas podia ser outra Porto, Praga. A neve é o que aqui convida à leitura, ou até a algo mais. Um convite é um apelo e outras informações estão no verso, mas não me interessa e envolve sublimes audácias. Até as letras estão a mais sobre a foto anónima, como a neve. A imagem valia por si, sem títulos, autor ou editora. Nenhuma cidade vem nos guias. As palavras são outros mapas, mapas que se sobrepõem, como corpos. É por isso que aqui moro na cidade. Ansiando pela respiração da neve.
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