segunda-feira, fevereiro 14

Estamos velhos!

Pois estamos, sem ganhar com isso particular sabedoria: estamos cada um por si, cegos, velhos e já mortos. Com a visão profética de uma poesia que se rasga muito para além do umbigo, Paulo da Costa Domingos leu estes dias na sua mais recente plaquete (que pode ser encontrada aqui no meio de outros antigos), e que leva por título brutal, O Homem Quase Novo.

De Vala Comum:

«[...]
olham pendentes para ambos os lados, param,
urinam-se, mesmo inertes são seres,
compêndios de dinâmica, arma
à beira de explodir na indiferença urbana
e, pois não!: civilizada. Devagarinho
arrastam uma réstea de sol, só memória,
só impulsão de cadáver para a superfície
de uma saia que passa, e voltam-se...
[...]

Os velhos, ó se estamos sempre a gritar-lhes,
piores que crianças, pelo contrário.»

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