Por falar em países vivos, trouxe da caliente Madrid o livro-catálogo dedicado pelo atentíssimo amigo Felipe Hernández Cava a Chumy Chúmez: el descreído imaginario. Chumy recebeu, no ano passado, a morte que andava a desenhar há tantíssimos anos. Essa é a primeira impressão a retirar do seu trabalho brutal, espalhado por algumas das melhores páginas vizinhas (La Codorniz, Hermano Lobo, ABC, Diario 16, etc.): a morte anda connosco desde que nascemos. Chumy Chúmez, que colocava um sol pequenino nos seus cartoons que às vezes parecia um buraco de bala, diz-nos que devemos dialogar o mais possível com essa companheira. Ele fê-lo, rindo do modo como vestia ou se comportava, daquele ar escanzelado com que nos aparece. A outra lição filosófica está na estranha relação que o desenhador teve com o seu país feito de países. Ao contrário do que diz personagem sua, que «os humoristas sabem rir-se das desgraças alheias», os humoristas verdadeiros fazem suas as desgraças dos outros. Chumy Chúmez achava que, mais do que piadas, o seu trabalho era fazer epitáfios.
Valerá a pena aplicar estes ensinamentos ao meu tristonho país, apesar de estar a léguas do humorismo (o meu sentido de humor é mais na base do sinto muito...)?
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