segunda-feira, julho 12

Desgosto

Para este nosso último primeiro, a palavra elegância está sempre à língua de semear. A elegância é, ao que parece, uma qualidade. Segundo livro grande das palavras o nosso último primeiro quer dizer graça, gentileza, distinção de maneiras, gosto apurado no trajar, delicadeza de expressão, harmonia. Gravata azul e cabelo cortado não o salva no trajar. Repete demasiados chavões com polegar atirado para trás para nele detectar delicadeza de expressão. Distinção de maneiras talvez lhe encontrem as damas com quem gasta as noites. Também não lhe encontro graça, menos ainda quando ri. Gentileza há-de ser a fingida pelo trato polido da política: soa a oco, como estuque. Não lhe encontro, pois, harmonia que justifique a elegância. Em desarmonia, no livro grande das palavras, mora em página perto o significado de eleição.

2 comentários:

Anónimo disse...

Assisti à mensagem do PR enquanto jantava num café e tratei de me actualizar, não que me interesse muito. Sou dos que pensa que as eleições não trariam nada de novo. Também acho legítimo o antigo PM ter ido para Bruxelas, comparar à situação Eng. Guterres só se for por populismo de esquerda.
É verdade que o homem estava para ficar num dia e foi-se embora no outro. Mas, no PS também estavam cinco para o poleiro num dia e "unidos em volta do líder" no outro. Não é essa a essência primordial destes políticos? Agora que falo nisso, onde pára o líder? Foi-se embora? Era esse que queria ser PM?
E há os aspectos formais. Na nossa bonita constituição com 30 primaveras, não há nada contra esta situação. Nem na lei, ao que parece. Ou seja, o PR teria de fazer arriscadas contas de cabeça e duvidosos julgamentos morais para decidir "certo", com resultados imprevisíveis: O Dr. Santana Lopes podia ganhar, apesar de todas as apostas. E já nem seria a primeira vez.
E ainda aprendi que este PR, que eu já considerava de alguns portugueses, e meu não é de certeza, afinal é o presidente da minoria que não o elegeu, segundo a tese da desbocada incontrolada e incontrolável Dra. Ana Gomes. Ah! O ser "o presidente de todos os portugueses" é mais um fingimento que convém colocar de lado quando interesses mais altos se alevantam.
E além destes, há o lamentável PCP cujo o grande argumento (leia-se cassete) era interromper as políticas ruinosas, como se não tivessem sido eleitas essas tais políticas. Eles achavam que desta é que era! Fica para a próxima.
E por fim aqueles personagens tenebrosos do BE "contra a coligação de direita e extrema-direita", como se chamarem extrema-direita ao inócuo PP viesse algum dia a justificar a sua miserável existência extremista. Estes são os da vida boa e da boa vida; maltrapilhos dos Mercedes e das frases feitas; dos deputados não eleitos (em nome da rotatividade, como nos balcões do BCP) e do desinteresse nacional.
Tenho de dar algum valor ao PR, porque já ouvi coisas dos seus grandes ex-amigos que nunca ouvi da mais despudorada direita. E das direitas todas, dificilmente terá qualquer espécie de gratidão, a não ser talvez do valoroso PM.
E sobre o valoroso, não me alongo. Concordo 100% com este post. Também tenho desgosto, mas é de tudo. Mas, pouco me importa.

JP Cotrim disse...

O perigo de não nos importarmos é acabarmos por deixar a política aos políticos. E ela ainda ocupa muito espaço nas nossas vidas. Eles interessam-me cada vez menos, mas interferem comigo cad avez mais. Ora arranjar espaços livres de vida pública sem estado é uma atitude política. E nisso talvez encontre gosto. E elegância.